TRECHO DA HOMILIA DE DOM JOÃO WILK, BISPO DA
DIOCESE DE ANÁPOLIS - GO, EM
OCASIÃO DA FESTA DE ENCERAMENTO DOS 800 ANOS DO
CARISMA CLARIANO NO
MOSTEIRO DE SANTA CLARA.
Santa Clara
cujos 800 anos de carisma, de conversão vivemos agora com esta linda
forma de comemorações e de formação, formação das Formadoras; acredito que
entre tantas comemorações, esta seja a mais bonita, a mais expressiva
forma de viver os 800 anos, ir às origens, aprofundar, contemplar o
Espírito que originou este espírito fundante do carisma franciscano no
mundo e na Igreja.
A atualidade
do carisma clariano é evidente. Estava pensando nesta semana a nossa Diocese
se prepara para o evento “Bote Fé”: a visita da Cruz Peregrina e do ícone
de Nossa Senhora. E trabalhar com os jovens, ir ao encontro dos jovens, é
bonito, é entusiasmante, mas também é desafiador, porque nós não sabemos
da resposta. O mundo de hoje não é favorável à acolhida dos valores
evangélicos e, principalmente os jovens são atraídos por tantas coisas,
inclusive pelas preocupações de vida causadas pela competição que o mundo
oferece, são bombardeados pelas ideias de prazer e de realização puramente
material, que nem sempre tem espaço para os valores espirituais.
Mas não era diferente no tempo de São Francisco. O próprio São
Francisco saiu do ambiente festivo, podemos dizer de farra juvenil, ele
mesmo era chamado de rei da juventude. Exatamente neste espírito de busca
de prazer, de alegria, de festa é que o Espírito Santo suscitou em
Francisco uma reflexão profunda. O que é que vale mais, todas
essas coisas ou tem algo mais atrativo? No mundo de hoje nós
vivemos a mesma cultura e o mesmo espírito: o mundo atrai, o mundo busca a
festa, o mundo vive de uma festa para outra, as campanhas de cervejinha estupidamente
loira estão a cada minuto na televisão, o símbolo do prazer e de consumo. Onde
é o espaço do Evangelho? Eu estava pensando nisto.
O Espirito Santo quer que
depois de 800 anos, o espírito franciscano e clariano especialmente continue
muito vivo. Santa Clara representa na nossa família este aspecto de
contemplação, de clausura. Alguém pode ver nesta forma de vida, o desprezo
do mundo, a fuga das preocupações, mas na verdade não é. Podemos comparar
a situação de uma pessoa doente no hospital que não tem capacidade de respirar
pelas próprias forças e então se coloca uma máscara de oxigênio para
sustentar as funções vitais do corpo.
A vida contemplativa na Igreja e no mundo, é exatamente esta
dose de oxigênio no momento em que o mundo está respirando mal, está
respirando um clima, digamos de secularismo, de redução ao prazer, o
material de tantas ideologias, de tantas perseguições contra a Igreja.
Portanto a oração, a espiritualidade, a vida contemplativa é esta forte
dose de oxigênio, na oração, no silencio, na contemplação de Jesus Cristo,
no olhar voltado para cima. Este é o grande apostolado que as Ordens e
Congregações contemplativas estão oferecendo. A vida contemplativa não é
fechada, pelo contrario, a vida contemplativa é apostolicamente aberta e
muito aberta, porque esta adoração/contemplação não se fecha dentro dos
muros do Mosteiro, mas ela se estende para todo o trabalho da Igreja.
Enquanto Irmãs vigiam aos pés do Cristo Eucarístico, o Papa, os Bispos, os
padres, missionários, missionárias podem trabalhar tendo este
sustento, este suporte na vida de oração. “Porque sem mim nada
podeis fazer”.
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!
ANÁPOLIS-GO, 29/05/2012
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